"Descobri também, com a mais profunda inquietação, que, em qualquer momento e sem causa aparente, tudo aquilo que cremos estável pode desajustar-se, desviar-se, virar o rumo e começar a mudar."
Ao longo dos anos houve muitos momentos em que o destino me preparou mesuras insuspeitas, surpresas e desaires imprevistos que tive de enfrentar em cima da hora, conforme chegavam. Umas vezes estava preparada para eles, outras não. Para trás ficava um passado complexo e, como numa premonição, para a frente abria-se uma magnitude de espaço nu que o tempo se encarregaria de ir enchendo. Enchendo de quê? De coisas e afectos. De instantes, sensações e pessoas; enchendo de vida.
" Quando podemos, devemos dar às coisas uma forma significativa.
Na vida é importante concluir as coisas devidamente.
Só então as podemos largar.
Caso contrário, ficamos com palavras que devíamos ter dito e não dissemos e o nosso coração fica pesado de remorso. Aquela despedida mal feita ainda hoje me magoa."
A vida concede a cada um de nós raros momentos de pura felicidade. A recordação desses momentos acompanha-nos para sempre e transforma-se num país da memória a que procuramos regressar durante o resto da nossa vida sem o conseguir. Pois as coisas mais reais apenas acontecem na imaginação. Só recordamos o que nunca aconteceu.
Aqui fica uma passagem de um livro que li: "O tempo não nos torna mais sábios, apenas mais cobardes. Durante anos fugi sem saber de quê. Julguei que, se corresse atrás do horizonte, as sombras do passado se afastariam do meu caminho. Julguei que, se criasse suficiente distância, as vozes da minha mente se calariam para sempre"
Aqui ficam duas definições retiradas do mesmo livro referido no post anterior:
O ego é a sensação que você tem do que é, e que lhe diz bom dia todas as manhãs quando se levanta da cama. Olha para o espelho e reconhece o que vê - excepto se for transexual, e nesse caso nada podemos fazer para o ajudar.
É o orgulho naquilo que realizou, e também o orgulho daquilo que não conseguiu, mas que os outros conseguiram por um preço que você preferiu não ter de pagar.
Hoje, deixo-vos aqui um excerto, a meu ver hilariante, do livro que estou a ler "Lançar o Elefante":
MEDITAÇÃO
Sente-se. Se já está sentado, não se levante.
Respire. Respire outra vez. Respirar é bom. Pense na outra alternativa!
O seu objectivo é atingir aquele ponto em que, aconteça o que acontecer num determinado dia, você se está nas tintas.
Isto é mais difícil do que se possa pensar. Faz parte da natureza dos seres humanos importarem-se com o que lhes acontece. Mas este cuidado é uma ilusão e uma relíquia dos nossos tempos pré-zen.
Lembre-se de que nada tem importância. Você podia ser a força mais poderosa do Universo, que mesmo assim no fim não faria nenhuma diferença. Pois não há diferença e não há fim. Portanto, respire e elimine todos os pensamentos da sua mente. Hummm! Tão bom!
Abandone os desejos que sentir durante as suas meditações, as esperanças e ansiedades em constante mutação, derivadas do desejo de se aperfeiçoar. Desista. Desista completamente. Você não é um elefante (leia-se chefe) e nesse facto está a sua liberdade maior. Deixe que os elefantes se preocupem. Não se preocupe você. Seja feliz.
E lembrem-se, meus amigos, de que no Universo não há nada que não acabe por morrer. A boa notícia é que muitos morrerão antes de si. Portanto, a maior parte dos que o fazem infeliz e o perturbam irão morrer antes de si, uma vez que são mais velhos e mais decrépitos. Não que você o queira assim, porque você não quer nada. Mesmo assim. Eles já terão desaparecido, enquanto você ainda vai estar por cá a saborear uma boa salada bem temperada.
Portanto respire. Sinta a beleza do espaço infinito à volta da sua inexistência sem fundo. O seu ego... as ambições... as esperanças e a maioria dos desejos... abandone-os!