quarta-feira, 11 de maio de 2011

Insólito

Ontem ajudei a salvar a vida... a um ser! É verdade que era um ser horrível, muito feio e com um ar tuberculoso, mas se não fosse eu e a Dona Irene... ele hoje já não existia! Bom, cá vai o episódio:


Ontem ao final do dia quando vinha da Hidro encontrei a porteira do prédio. Lá tive de pousar o saco de desporto e dar dois dedos de conversa à senhora, pois se ela já gostava de "dar à palheta" antes, agora que está viúva e sem marido, ainda gosta mais! Estávamos então as duas numa amena cavaqueira, quando oiço miar. E disse à porteira: A Mia (a gata da porteira e masquote do prédio) está a chamá-la?! E ela: Pois está, não me pode ouvir falar na escada. Lá trocámos mais dois dedos de conversa e o miar tornou-se mais intenso e aflitivo! Foi então que eu lhe disse: Veja lá o que se passa com a Mia, porque o miar dela é muito estranho. Ela chegou-se à porta de casa a escutar, mas logo percebemos que o miar não vinha de lá, mas sim da porta ao lado (um andar que não está habitado e que tem acesso a um quintal). E diz a Dona Irene: Mas não pode ser, aqui ao lado não há gatos! E eu: Mas não me disse hoje de manhã que a gata que anda nos quintais das traseiras tinha tido 4 crias e que já há uns dias para cá só via 3? Será que um dos gatos bebés se enfiou aqui na casa ao lado? E é então que ela deita as mãos à cabeça e diz: O vizinho veio cá no Sábado limpar as ervas e podar as árvores e se calhar o gatito entrou lá dentro de casa e está lá fechado. Felizmente ela guarda uma chave subselente da casa e lá fomos as duas fazer uma invasão da propriedade privada. Entrámos pela casa a dentro, a chamar pelo bichano que cada vez mais agonizava num miar de desespero. Quando vimos o infeliz, ele parecia uma arpa autêntica! Magro, defenhado e assustado. Enfiou-se numa arrecadação cheia de tralha e lixo, que nós fomos esfaziando na tentativa de o apanhar. Trouxemos comida, uma taça com leite, uma toalha para o agarrar (não fosse ele ter um ataque de fúria e sairmos de lá todas arranhadas) e sei lá mais o quê... até que ao fim de uma hora de muito chamar "bicho, bicho, bicho..." lá o agarrámos! Ao todo devia de pesar umas 150 gramas, 50 gramas a cabeça e.... 100 gramas a toalha! Estava esquelético... e já quase sem forças. E a porteira olha para ele e diz: "Logo este que é o mais lindo"! Lindo?! São todos pretos e igualmente feios, pensei eu. Como não conseguimos aceder ao quintal, pois as portadas estavam todas fechadas a cadeado, acabámos por fazê-lo descer dentro de um alguidar preso com uma corda, pela vizinha do 1º andar, até ao quintal das traseiras. Aquilo parecia mesmo uma acção de salvação a sério, principalmente na altura em que ele tenta fugir do alguidar em pleno vôo, altura em que eu pensei... "Este cabrão quer mesmo morrer"! Mas afinal estava destinado a um final feliz e assim que se apanhou no chão foi vê-lo correr para a mãe, em quem mamou durante 10 minutos (altura em que eu pensei... "Este cabrão vai morrer de congestão"!) E hoje de manhã, a primeira coisa que fiz foi ir à janela e olhar lá para baixo e contar... 1, 2, 3... e 4! Uffa, safou-se por pouco, se têm 7 vidas... já só lhe restam 6!

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